terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Amo você sem porquê e com todos os porquês.

Você sempre quietinho, sabia muito mais que todo o barulho do almoço, sabia que todo mundo só se concentrava em uma coisa quando ela era a sua música. Aquela que eu levo e ela leva de mim lágrimas e bem aos poucos um meio sorriso de gratidão. Não sei se ele é meio por ser tímido ou se ele nunca vai ser inteiro, já que não consegue se desvencilhar do mar que transborda meus olhos.
Não tínhamos programação, era algum filme de bang bang, alguma partida de buraco que durava o dia todo, as plantas tão conhecidas, um cochilo na rede com a cruzadinha na mão, conversas, o passeio matinal com os cachorros, toda a preparação carinhosa dos melhores almoços, a volta do trabalho de bicicleta, todo companheirismo e paciência com o amor de uma vida, as anotações de uma poesia nova no catálogo de telefone, a dor da perda do poodle que só não era chato com você, fotos passando na televisão, risadas, tudo tão simples e tão inteiro.
Lembro do mar, de quando vocês se conheceram tardiamente, de como foi feliz, de como você aproveitou até a última gota e de como não reclamou da separação temporária. Não entendia a grandiosidade disso, de chegar mais cedo que todo mundo na praia, ver o sol subir e descer com toda a tranquilidade que existe, de ficar com as mãos enrugadas porque não queria sair da água enquanto ainda houvesse calor e companhia. Um dia mais bem aproveitado do que todos os meus até então e desde que eu lembro, todos os seus dias foram assim. Em paz, feliz e sabendo melhor do que ninguém o significado de carpe diem.

Viver o que vier como se fosse o primeiro dia no mar.