Todo dia acordava de manhã, colocava a mão no cabelo, tinha a sensação que iria estar com tufos faltando. O desespero começava
formando dobras na testa e acabava em uma cãibra leve no pé, sempre a mesma,
logo antes de dormir. Era uma pena que ela odiava comer banana, achava que
cheirava igual vômito. O movimento doía muito, mas se fazia necessário. Lutava
com toda a força de sua mente para contrariar o corpo que não queria ir, ele se
tornava robótico de propósito, as articulações pareciam secas, o trabalho era
muito maior que o normal. Não queria admitir, mas ele estava certo. Sentia-se
esmagada por uma parede invisível e ao mesmo tempo seus órgãos estavam inflando
prontos para explodir. Uma falta de ar no primeiro passo na rua, os olhos se abrindo
com dificuldade para claridade, lembrou que não comeu de novo.