segunda-feira, 26 de maio de 2014

É um trabalho às vezes cansativo aceitar a vida como ela é. Não significa não tomar atitudes, mas só aceitar ela primeiro, compreender. É preciso muita paz e fica difícil em meio a uma paranóia coletiva que toma conta da sociedade. Não consigo lembrar de nenhuma referência de um relacionamento saudável nas séries de TV e filmes, nem de uma vida saudável, sem milhares de preocupações exageradas e objetivos superficiais. Não consigo usar os modelos que se apresentam: a mulher independente que para isso é uma workaholic e que no fundo só se sente completa com um homem que cumpre todas suas mínimas vontades; o casal feliz completamente subimisso e sem personalidade separada, perdendo todo o chão quando não estão juntos, fugindo deles mesmos enquanto tentam se encontrar um no outro; a jovem depressiva com a vida girando em torno de inseguranças com o corpo, ela busca um trabalho que traga qualquer sensação de compensação ao vazio que está dentro; o homem saudado pela sociedade por ter sucesso profissional, que nesse caso significa dinheiro, e que coleciona mulheres vistas como objeto, junto a isso, sempre tem a mulher que faz de tudo para que ele a veja diferente atraída sabe-se lá pelo quê; o senhor que não consegue levar a vida de tão preocupado que está com o futuro dos mais novos e os novos que se preocupam tanto com o que os outros pensam que deixam de tomar atitudes sozinhos; o personagem caricato e teoricamente engraçado que exagera as atitudes que tomamos como normais, até esqueço e dou risada achando que as atitudes não são minhas também. Tudo é útil, tudo é um jeito de ver as coisas, mas todo mundo poderia meditar na Tailândia antes de escrever qualquer coisa. Essas posições de influência deviam ser exercidas com mais cautela, mais tempo, menos pressão. Meu instindo de acreditar em todas as pessoas se torna mais complexo de ser levado adiante, talvez por muita preocupação com fatores externos, afinal, só posso me mudar e não sei o que  é o melhor pra todo mundo, isso está na mão deles e eles estão sozinhos assim como eu. Essa quantidade incalculável de informação jorrando das pessoas, das revistas, da TV, da internet me confundem, fica difícil classificar a importância de cada uma. Só resta confiar em mim, fazer tudo o que está ao meu alcance e levar o que eu conseguir com mais leveza. Como já disse Rilke: De resto, deixe a vida acontecer. Acredite em mim: a vida tem razão, em todos os casos.