Ah! Não me peça para ter
paciência, você não sabe quanto tempo faz que estou esperando. Este chá de
capim santo tem que ajudar o dia a correr, voar, passar tão rápido que eu nem consiga puxar da memória que ele exisiu. Pode parecer idiota e
contra os filósofos, mas estou querendo tirar esse carpie diem da sua mão e jogar no lixo.
O clima já está frio e fico levando baldes repetidos de água gelada que caem
direto na minha espinha, descem pelo meu corpo lentamente e batem direto no meu
coração desritmado de algum jeito e ele sempre para por um segundo. Estou tremendo, as unhas
rochas, o ouvido dói, a boca tão rachada que sangra, o movimento é inútil, não
consigo me aquecer e ainda assim o que mais machuca é que você não está aqui. Foi
logo preparar o próximo balde, dessa vez um especial, incluía sal, distância,
antecipação, gelo, espera calculada, surpresa e qualquer coisa mais que me
desagrade. E eu espero, sempre esperei, espero a senha ser chamada no banco, o
lugar na fila, a hora atrasada no consultório, o tempo passar, a pessoa
demorada na frente, as palavras, o e-mail chegar, a minha vez. Estou esperando
por muito tempo na esperança de tudo valer, mas ninguém pode me prometer isso,
fico muito cansada, não consigo nem ensaiar um movimento, muito menos não esperar, já deitei no chão,
tentando reunir forças para levantar, ir embora e ainda assim bem lá no fundo espero
alguém me cobrir com um edredon.